Soluções Sustentáveis: Tijolo Ecológico

Um grande desafio mundial, presente na atualidade, tem sido o engajamento da sustentabilidade em meio à construção civil, o que prevê uma melhor utilização dos recursos naturais nas obras, de forma a relacionar a construção civil à preservação do meio ambiente.

O tijolo ecológico (solo-cimento) é um dos diversos produtos de desenvolvimento sustentável, que visa substituir os "atuais produtos" predominantes no mercado da construção civil, os quais agridem o meio ambiente.

Suas vantagens se sucedem desde sua fabricação, que tem como matéria prima três itens: Terra, Cimento e Água. Contudo, sua principal diferença para os tijolos de solo cimento, é a de cura hidráulica. O tijolo ecológico não é posto para cozer, isentando-o da queima de madeira e da grande emissão de gases poluentes, derivados deste processo. Outra grande característica, é a proporção de cimento utilizado em sua elaboração, que tem sua média fixa em dez por cento (10%).

O Solo utilizado para sua fabricação, diferente do produto de solo cimento que é composto por argila (encontrada geralmente próxima a mananciais dentro de áreas de preservação ambiental), é arenoso, encontrado nos mais diversos lugares. Sua única condição, é de que o solo seja peneirado, para que não haja pedriscos no mesmo, o que poderia prejudicar a confecção do produto.

O sistema de tijolos ecológicos também tem sua vantagem estabelecida no canteiro de obras, pois o fácil manuseio se dá também no encaixe das peças, o que faz com que seu manuseamento seja prático, reduzindo também o consumo de outros materiais, tais como: argamassa, concreto e aço, além de reduzir o entulho em meio à obra.

No mercado, há diferentes tipos de produtos, tais como em dimensões e em tipo de composição. Existem tipos que atribuem resíduos da construção civil ou orgânicos, tais como bagaço de cana, ainda reforçando a ideia da sustentabilidade.

Existem três tipos de tijolos ecológicos comercializados pelas empresas. Os tipos são: Tijolo modular, o meio tijolo e o tijolo canaleta. "O tijolo canaleta é utilizado como verga e contraverga de janelas e portas, canaleta para as cintas de amarração e para passagem horizontal e vertical de dutos hidráulicos e eletrodutos" - José Humberto Trivisan, diretor da Eco Produção, fabricante de Piratininga (PR).

Os furos nos tijolos servem para embutir as colunas de sustentação, e simplificar a comunicação das instalações elétricas e hidráulicas.

Em sua fabricação, o projeto considera que o tijolo ecológico é uma solução construtiva modular, o que requer o conhecimento das dimensões do produto, a ser empregado, pois estas serão utilizadas no calculo das medidas das paredes. O material sofre dilatação e retração conforme as variações climáticas e devido a isto, deve-se prever um espaçamento de 1mm a 1,5mm entre os tijolos, evitando assim a formação de trincas e fissuras.

"É importante ressaltar que os vãos e janelas devem ser múltiplos da soma do comprimento dos tijolos com o espaçamento entre os módulos" - José Humberto Trivisan.

O tijolo ecológico não tem função estrutural. A estabilidade é dada por colunas de sustentação e cintas de amarração distribuídas por toda a extensão das paredes. A estrutura vai se consistir em uma malha de concreto armado. As colunas são embutidas dentro dos furos das peças, executadas em intervalos fixos determinados pelo projeto estrutural (usualmente a cada 1,00 m, em edificações de pavimento único), com o uso de vergalhão e graute. Aparecem também nas quinas e no encontro das paredes, onde são presas por grampos.

"Nas cintas de amarração, utilizam-se os tijolos canaleta, complementados com barra de ferro e concreto. As cintas são dispostas em toda uma extensão da edificação da seguinte forma:

Uma fiada abaixo do nível das janelas, na altura de um metro (1,00m), outra acima do nível das janelas e portas, na altura de dois metros e dez (2,10m), e a última no respaldo da parede para fazer a amarração final. Cada projeto possui sua particularidade e, por isso, o sistema estrutural, com o quantitativo e a espessura das ferragens, deve ser indicado pelo responsável técnico da obra. É necessário trabalhar com colunas de alvenaria." - José Humberto Trivisan.

Segundo os fabricantes, o maior obstáculo é o assentamento da primeira fiada de tijolos, que funciona como o gabarito da edificação e determina o nivelamento e esteio das demais fiadas. A montagem é como um quebra - cabeça. Com todos os encaixes articulados, passa-se a marcação das colunas com uma furadeira de broca de quinze centímetros (15 cm). Os ferros são inseridos nas colunas e colados com adesivo Compound. A partir daí, é iniciado o assentamento dos tijolos. Apenas nesta primeira etapa os tijolos são fixados com cimento.

A massa deve ter traço 1:3 com hidrofugante. Nas demais fiadas, o assentamento das peças é feito com cola PVA, ou argamassa AC1, ou ainda pode ser feita com mistura com água e o próprio solo" -José Humberto Trivisan.

Para realizar a construção com o tijolo ecológico, não é necessária a utilização de mão de obra especializada, mas é importante que o profissional utilize o nível e o prumo para o assentamento das peças, pois os mesmos devem ficar devidamente alinhados. Dependendo da experiência do pedreiro, são instalados em média estimada, cerca de mil e quinhentos diariamente.

Os tijolos podem receber quaisquer tipos de revestimentos, apesar de a opção mais comum que vem sido adotada é deixa-los aparentes. "

É sugerido fazer no mínimo um chapisco de rolo e um reboco de 3 a 5 milímetros", segundo Adriana Pinatti – Engenheira de Materiais, especialista em cerâmicas, e consultora em planejamento ambiental, eficiência energética, gestão da qualidade e permacultura.

É BOM SABER:

Os tijolos de solo-cimento são normatizados pela ABNT. Na especificação do produto, vale a pena solicitar ao fornecedor laudos técnicos que comprovem que o produto segue as normas técnicas, especialmente os parâmetros determinados pela NBR 8492:2012 (Tijolo de solo-cimento – Análise dimensional, determinação da resistência à compressão e da absorção de água – Método de ensaio). Além desta, são aplicáveis ao material:

- NBR 8491:2012 (Tijolo de solo-cimento – Requisitos);

- ABNT NBR 10833:2012 Versão Corrigida:2013 (Fabricação de tijolo e bloco de solo-cimento com utilização de prensa manual ou hidráulica – Procedimento);

- NBR 10834:2012 Versão Corrigida:2013 (Bloco de solo-cimento sem função estrutural – Requisitos).